BIODIVERSIDADE
BIODIVERSIDADE
As singularidades da Caatinga resultam em uma fauna diversa composta por mais de 1.487 espécies (PRADO et. al, 2003), sendo representada por espécies de pequeno e médio porte. No território proposto para o Geoparque Sertão Monumental foram registrados na RPPN Fazenda Não me Deixes 20 espécies de mamíferos, dentre elas estão: Didelphis albiventris, Dasypus novemcinctus, Euphractus sexcinctus, Tamandua tetradactyla, Thrichomys apereoides, Galeas pixii, Keredon rupestris, Conepatus semistriatus e Mazama gouazoubira. Também foram registras duas espécies de mamíferos ameaçadas de extinção, a saber: Puma concolor e Leopardus emiliae (ASA BRANCA, 2012; MMA, 2003). Em levantamento de animais atropelados na BR-122, entre os municípios de Quixadá e Ibaretama, foram registradas seis espécies, onde também foram registadas as espécies Cerdocyon thous e Procyon cancrivorus (ALMEIDA, 2019).
As espécies de répteis comumente encontradas na região são: Tupinambis sp., Tropidurus hispidus, Micrablepharus maximilliani, Ameiva ocellifer, Iguana iguana, Enyalius bibronii, Ameiva ameiva e as serpentes Philodryas olfersii, Pseudoboa nigra, Philodryas nattereri, Oxybelis aeneus, Boa constrictor, e os anfíbios Rhinella jimi, Leptodactylus macrosternum, Leptodactylus ocellantus, Mesaclemmys sp. e Sylvilagus brasilienses (ASA BRANCA, 2012; ALMEIDA, 2019).
Quanto à avifauna, Almeida (2019) levantou 26 espécies, dentre elas estão: Caracara plancus, Coragyps atratus, Cathartes aura, Crotophaga ani, Guira-guira, Columbina talpacoti, Sporophila albogularis, Passer domesticus, Paroaria dominicana, Cyanocorax cyanopogon, Rupornis magnirostris, Coccyzu sb melacoryphus, Jacana jacana, Nystalus maculatus e Eupsittula cactorum.
A vegetação característica do município de Quixadá é a Savana Estépica (caatinga), de acordo com o RADAM BRASIL (1984). As fisionomias mais comuns são arbustivas com diferentes níveis de densidade, sendo as formas arbóreas mais raras e localizadas em altitudes mais elevadas.
O município é rico em espécies vegetais, dentre as comumente encontradas estão Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz, Aspidosperma pyrifolium Mart., Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke., Myracrodruon urundeuva Allemão, Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm., Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan, Ziziphus joazeiro Mart., Licania rigida Benth., Manihot carthaginensis (Jacq.) Müll. Arg., Jatropha mollissima (Pohl) Baill., Auxemma oncocalyx (Allemão) Baill., Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett, Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud., Combretum leprosum Mart., Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., Mimosa caesalpiniifolia Benth, Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke, Lantana camara L. (COSTA et al., 2007), Croton sonderianus Müll. Arg., Croton sincorensis Mart. ex Müll. Arg., Caesalpinia bracteosa Tul. e Auxemma glazioviana Taub (SANTOS et al., 2008).
A flora rupestre também merece destaque, uma vez que Araújo et al. (2008) e Paulino et al. (2018) encontraram 77 (pertencentes a 36 famílias) e 107 espécies (distribuídas em 45 famílias), em um e dois inselbergues encontrados no município, respectivamente. Além do número de espécies, a riqueza por famílias, que diferiu entre os estudos, demonstra a alta variabilidade que existe na região. Os primeiros autores encontraram 67 como famílias mais ricas Fabaceae (11 espécies), Poaceae (10), Euphorbiaceae (05), Asteraceae (04) e Convolvulaceae (04), enquanto que no trabalho seguinte foram encontradas Fabaceae (13 espécies.), Apocynaceae (11), Euphorbiaceae (06), Bromeliaceae (05), Cactaceae, Malvaceae e Araceae (com 04 espécies cada).
Araújo et al. (2008) descreveram que as espécies no inselbergue ocorriam de forma agrupada sobre três tipos de habitats (depressões rasas e profundas, fissuras nas rochas e rocha exposta). Nas depressões rasas dominam populações de Mandevilla tenuifolia (J.C. Mikan) Woodson, Cyperus uncinulatus Schrad. ex Nees, Pennisetum pedicellatum Trin. e Aristida setifolia Kunth e nas mais profundas, populações de Encholirium spectabile Mart. ex Schult. f. e Pilosocereus gounellei (F.A.C. Weber) Byles & G.D. Rowley; nas fissuras na rocha são encontradas Combretum leprosum Mart., Cochlospermum vitifolium (Willd.) Spreng., Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett, Cordia insignis Cham., Croton lundianus (Didr.) Müll. Arg., C. moritibensis Baill e Lantana camara L.; e na rocha exposta são encontradas populações de Tillansia sp.
Mesmo se tratando de uma Unidade de Conservação a cobertura vegetal da região tem sofrido com desmatamentos e queimadas para uso do solo na agricultura e pecuária extensiva. Já a flora dos inselbergues é ameaçada principalmente pela mineração e coleta de plantas ornamentais (MORO et al. 2014). Deste modo, as características peculiares da região, associada a degradação causada pelo uso do solo, demonstram a importância de mais ações que subsidiem a conservação de tais áreas.
Autores
Maria Amanda Menezes Silva
Luiza Teixeira de Almeida