AÇUDE CEDRO
AÇUDE CEDRO
Parede do Açude Cedro, Pedra da Galinha e Pedra da Tartaruga ao fundo. Foto: Luís Carlos Freitas.
Segundo o IPHAN, a Barragem do Cedro, com sua parede em arco de alvenaria de pedra, foi a primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano. Ela incorporou o avançado progresso científico, tecnológico e do cálculo aplicado à engenharia civil à época. Projetada pelo engenheiro britânico J. J. Rèvy e construída por expoentes da nascente engenharia brasileira de formação politécnica, a barragem afirma-se como um exemplar excepcional do período entre a segunda metade do século XIX e início do XX.
É uma das pioneiras obras do seu tipo e do seu porte no mundo. Para além de sua funcionalidade de represamento d’água para irrigação, sua implantação, seu desenho e seu esmero de execução resultaram numa paisagem de beleza ímpar, combinando arrojo e elegância, monumentalidade e singeleza, em uma simbiose entre o engenho humano e a obra da natureza que anima o espírito. A paisagem formada pelos monólitos e pela Barragem do Cedro em Quixadá representa a síntese da Caatinga - bioma de clima semiárido endêmico do Brasil e a luta do colonizador para ocupar e transformar, a partir do século XVII, esse local marcado por intensas estiagens.
O açude (projetado e construído entre 1882 e 1906) iniciou uma política sistemática e bastante exitosa de represamento de águas superficiais e de interligação de bacias ao longo de mais de um século por toda a região, alterando a sua percepção quanto às possibilidades reais de ocupação e de sobrevivência em meio tão hostil à vida humana, devido à sistemática escassez de água. Isso possibilitou que a Caatinga seja, atualmente, a zona semiárida mais densamente povoada do planeta, com relativa segurança hídrica.
Parede do Açude Cedro. Foto: Luís Carlos Freitas